Cordeirópolis é reconhecida regionalmente pelas suas animadas festas de carnaval, e isso vem de décadas, onde muitos foliões não mediram esforços para deixar essa marca registrada na cidade. O Jornal Expresso trouxe em janeiro de 2008 toda a trajetória desta festa tradicional da cidade. Conversou na época com muitas pessoas que foram envolvidas nas estruturas e hoje o Portal JE10 relembra essa saudosa festa de Cordeirópolis. Você também pode baixar o arquivo da edição Clique aqui.
Boa leitura e muitas recordações.
Se os anos 50 foram marcados pelo conservadorismo da pós-guerra e os 60 pela primeira invasão britânica no pop, os anos 70 chacoalharam todas as estruturas, foi a década de uma movimentada cena alternativa, da radicalização de experiências comportamentais. Era a época dos famosos sapatos plataforma, das calças boca-de-sino, das meias de lúrex, do poliéster e dos signos do zodíaco. Cordeirópolis também vinha com a modernidade e transformação, trazia às ruas o fascínio da alegria do Carnaval.
Segundo informações dos foliões, que passaram da era do Carnaval de salão no clube às ruas, o desfile de rua começou com a “Turma do Ligão”. “O nosso grupo, de amigos da época, juntamente com Luiz Nardini, Cassinho Levy, Maria Helena, Sócrates, Norma Barbosa,Tânia Beraldo, formou blocos sem bateria e começamos a sair às ruas. Neste ano tiveram bloco de palhaços, escravos e “1.001 noites”, com o clube. Pela primeira vez a abertura contou com Rei Momo e Rainha”, lembrou Márcia Barbosa, mais conhecida como Marcinha que também é presidente do bloco carnavalesco “Escolha-chô”.
Sr. Praia- Já no segundo ano foi a vez do grupo de amigos sair às ruas com o bloco “Nega maluca e o Crioulo Doido”, que já contou com o famoso “Sr. Praia”, que ensinava os integrantes a tocar instrumentos.
“Neste ano já nos preparamos no prédio da estação e nos seguintes mais blocos entraram para o desfile, conforme Marcinha contou.“ Passamos a ter mais blocos, o da Sandra Dias, do Beco, e a escola de samba Princesa Isabel, que foi a pioneira na cidade”. A “Turma do Ligão”, saiu com fantasias mais ousadas se destacando como feiticeiros e o rosto todo pintado.
Ditão Lasqueira – Nesta mesma época entra outro figurante importante na peça. “Ditão Lasqueira”, como era carinhosamente chamado pelos foliões. “Se tem carnaval hoje em dia devemos agradecer a ele, pela sua garra e dedicação aos carnavais de Cordeirópolis”, depõe Luiz Nardini, integrante da escola de samba Pérola Branca.
Aumento dos blocos – Já no quarto, a “Turma do Ligão” sai vestida de Índio e conta com mais blocos.Desfila o bloco de palhaços com Roveda e sua esposa Inezita, do Jaú Castelar, a escola Princesa Isabel, Sandra Dias, “sultão e as odaliscas”. A era do Carnaval de rua estava apenas começando.
Brilhos em 1974 – Tem início a fase dos brilhos nas fantasias, quando os amigos saem com o bloco “Cinzas de Pierrot”. “As fantasias eram cheias de lantejoulas, foi um show de brilho neste ano de Carnaval, tudo feito artesanalmente, foi um espetáculo”, destacou Nardini. Ainda em 74 desfila também o bloco das crianças com Ivone de Paula, dando início à futura escola de samba Águia de Prata e o bloco do Benê.
De blocos a escolas de samba – Os blocos vão aumentando e se transformam em escolas samba. Em 1988 é o primeiro ano em que elas desfilam pela cidade. Carga Pesada é formada com o bloco do beco e a Associação de Motoristas, existentes na época. Pérola Branca nasce também e as duas trazem muito samba e enredo à “passarela” de Cordeirópolis.
“Este foi o primeiro ano das duas saírem como escola, além de ter ainda o bloco do Benê, da Ivone com as crianças e o bloco da caninha”, reforçou Márcia Lucke, presidente da escola de samba Pérola Branca.