A revolução Constitucionalista
Muitos não sabem do motivo do feriado estadual que estamos comemorando nesta terça-feira, (09), para alguns é mais uma matéria para se estudar em história. Cordeirópolis teve sua participação na história paulista, pois três cordeiropolenses participaram dessa guerra de 32. Fortunato Calderaro, Dário Américo e João Batista Betanho, sendo que esse, o Jornal Expresso fez uma reportagem com familiares em 2010 e trouxe um pouco da história.
Por se tratar um fato histórico, o Portal JE10 traz novamente a história para os que ainda não conhecem, possam conhecer esse fato histórico.
O Brasil passava por uma transformação política no ano de 1930, e o Dr. Getúlio Dorneles Vargas havia assumido o poder no mesmo ano. A Revolução Constitucionalista foi um movimento armado ocorrido entre julho e outubro de 1932 e tinha por objetivo a derrubada do governo do então presidente.
Com um governo provisório, mas de amplos poderes, Vargas fechou o Congresso Nacional, aboliu a Constituição e depôs todos os governadores. Insatisfeita, a população iniciou protestos e manifestações, como a do dia 23 de maio, que terminou num conflito armado. A revolução então acabou surgindo no dia 9 de julho, sob o comando dos generais Bertolo Klinger e Isidoro Dias.
O levante se estendeu até o dia 2 de outubro de 1932, quando os revolucionários perderam para as tropas do governo. Mais de 35 mil paulistas lutaram contra 100 mil soldados de Getúlio Vargas. Cerca de 890 pessoas morreram nos combates. Getúlio Vargas permaneceu no poder até 1945, mas já em 1934 era promulgada uma nova Constituição dando início a um processo de democratização. Sinal de que o sangue paulista não foi derramado em vão.
Um cordeiropolense na Revolução
João Batista Betanho era cordeiropolense, e tinha apenas 23 anos quando participou da Revolução, e segundo depoimento deixado por ele, achou necessário que houvesse esse confronto. Betanho faleceu em 2004, aos 95 anos, mas em 2001 a cidade de Limeira fez uma homenagem aos ex combatentes através de uma filmagem com os depoimentos dos ex soldados de 32 e nessa lista estava Betanho, o qual contou também que por pouco escapou de uma rajada. “Eu estava com o meu companheiro, quando meu chapéu de pano enroscou em uma arvore e ao abaixar para amarrá-lo, ouvi uma rajada que passou raspando em minha cabeça e acertou o meu companheiro, eu até fiz a cova e o enterrei”, disse quando deu depoimento.
O senhor Betanho como era conhecido pela cidade, antes de ir a guerra em 1932 estava servindo em um quartel no Mato Grosso, já que tinha muita habilidade e facilidade para escrever, era ele quem descrevia os boletins e foi num desses que ouviu o comentário de uma “bomba” que estava por vir. Um dia acabou escutando uma conversa que a Revolução iria realmente acontecer. No depoimento deixado em uma fita cassete, guardada na casa de sua filha Arlete Betanho, ele finaliza, “Perdemos a batalha, mas ganhamos a causa”.
Betanho foi reconhecido inúmeras vezes pelas cidades da região, inclusive escolas de Limeira e Piracicaba o convidaram para relatar sua experiência de 32 às crianças, troféus, medalhas, enfim, inúmeras homenagens Betanho recebeu por ter servido com bravura ao seu Estado,porém, uma mágoa ele levou para junto de si ao caixão, a falta de reconhecimento do próprio município onde nasceu.
“Ele nasceu, cresceu e morreu em Cordeirópolis, mas nunca fizeram uma homenagem se quer a ele, e infelizmente ele carregou essa mágoa com ele, as únicas que recebeu foram de cidade de fora”, relatou a irmã Arlete.
Da Revolução ao Feriado Estadual
A data comemorativa, já está há 13 anos em vigor, e, no entanto nas ruas ela ainda é muito desconhecida. Muitos mal sabem, ou não tem idéia do que se trata o feriado de 9 de julho. Alguns jovens entrevistados até tinham alguma noção do que se relacionava o dia, os nomes usados aqui serão todos fictícios a pedido dos entrevistados. Joana de 21 anos não tem a mínima noção por que dia 9 de julho é decretado feriado, Laura, 22 anos, sabe que o feriado é apenas no estado de São Paulo, no entanto não sabe dizer o por que. Tiago de 22 anos sabe exatamente do que se trata e ainda se lembra que estava na escola quando aprendeu sobre o dia, Vitor também de 22 anos sabe o nome dado ao dia do feriado, mas não tem noção do porque daquele dia. Maria de 28 anos sabe que dia 9 de julho é feriado por causa de uma Revolução Constitucionalista, mas o porquê dessa Revolução, não soube responder.
Lei
A lei surgiu no ano de 1997, decretando que todo dia 9 do mês de julho é feriado civil no Estado de São Paulo. O motivo foi celebrar a data magna do Estado, em memória ao dia em que o povo paulista pegou em armas para lutar pelo regime democrático no País. A data garante folga todo dia 9 de julho, a todos os funcionários públicos estaduais, salvo aqueles em regime extraordinário, como profissionais das áreas da saúde e segurança. Empregadores da iniciativa privada têm a liberdade de adotar ou não o feriado.
O caminho para criação do feriado surgiu com uma lei federal que dispõe sobre feriados estaduais. A Lei Federal n.º 9.093, de 12 de setembro de 1995, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, definiu que a data magna de cada Estado da nação fosse transformada em feriado civil. Assim, cada unidade da federação teve liberdade para escolher qual o dia do ano deveria ser guardado. No caso de São Paulo, o dia escolhido foi 9 de julho.
A data foi oficializada pelo Projeto de Lei n.º 710/1995, do deputado estadual Guilherme Gianetti. Aprovado pela Assembléia Legislativa, o PL deu origem à Lei Estadual n.º 9.497, de 5 de março de 1997, sancionada pelo governador Mário Covas. Por se tratar de lei estadual, o feriado não requer manutenção através de legislação específica, como a assinatura de um decreto renovando-o ano após ano.