Recentes alterações no abono salarial PIS/Pasep e outras medidas aprovadas pelo Congresso Nacional estão destinadas a moldar o cenário econômico brasileiro pelos próximos anos. As mudanças incluem ajustes na concessão do benefício, regras de correção e limitações orçamentárias.
Essas alterações têm impactos diretos nos trabalhadores e na economia, especialmente na forma como os benefícios são distribuídos e corrigidos. Entenda como essas mudanças afetarão o cidadão no dia a dia e nos próximos anos.
- Correção pelo INPC a partir de 2026
Atualmente, o valor do abono salarial é corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais o ganho real vinculado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Com a nova regra, válida a partir de 2026, o benefício será ajustado exclusivamente pelo INPC, sem incorporar ganhos reais.
Exemplo prático: Se o INPC de um determinado ano for 5%, o valor do abono será corrigido apenas por esse percentual, sem considerar o crescimento econômico, o que pode limitar o poder de compra do trabalhador ao longo do tempo.
- Redução gradual do limite de renda
Atualmente, trabalhadores que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.640 em 2024) têm direito ao benefício. A nova regra prevê a redução gradual desse limite para um salário mínimo e meio até 2035.
Impacto: Menos pessoas terão acesso ao abono, restringindo o benefício aos trabalhadores de renda mais baixa. Para um trabalhador que hoje ganha R$ 2.500, por exemplo, a partir de 2035, ele não será mais elegível ao benefício.
Ajustes e Economia para o Governo
As mudanças no abono salarial são parte da PEC 54/2024, que busca controlar despesas obrigatórias, como salários e benefícios sociais. A expectativa é que essas alterações gerem uma economia de R$ 70 bilhões em dois anos, aliviando o orçamento público e liberando espaço para investimentos discricionários, como infraestrutura e saúde.
Por que governo considera essas mudanças são relevantes?
Essas alterações refletem um esforço para equilibrar o orçamento federal e controlar a inflação. Com a redução gradual do limite de renda e a correção apenas pelo INPC, o governo espera reduzir a pressão sobre os cofres públicos. No entanto, o impacto será sentido diretamente pelos trabalhadores, que precisarão planejar melhor suas finanças e buscar outras formas de complementar sua renda.
Exemplo futuro: Um jovem que inicia sua carreira com um salário próximo ao limite atual do benefício pode não ter acesso ao abono nos próximos anos, mesmo que seu poder de compra diminua devido à inflação. Isso reforça a importância de planejamento financeiro e diversificação de fontes de renda.
O que esperar nos próximos anos?
Com a aprovação da PEC, o governo afirma que trará mudanças significativas para outras áreas, como:
- Educação (Fundeb): Parte dos recursos do fundo será destinada à educação em tempo integral, mas limitações foram impostas para evitar desvios de recursos para alimentação escolar.
- Supersalários: Novas regras tornam mais fácil aprovar “penduricalhos” que extrapolam o teto salarial, gerando debate sobre o controle efetivo dessas remunerações.
- Desvinculação de Receitas da União (DRU): Prorrogada até 2032, a DRU permite ao governo utilizar livremente 20% dos tributos federais vinculados por lei a fundos específicos, como os recursos da exploração de petróleo.
O que isso significa para o trabalhador?
- Menos benefícios no futuro: Com a redução do limite de renda, menos pessoas terão acesso ao abono salarial.
- Poder de compra limitado: A ausência de ganhos reais na correção pode dificultar a vida dos trabalhadores que dependem do benefício para complementar a renda.
- Maior pressão sobre o planejamento financeiro: Trabalhadores precisarão buscar alternativas para compensar a redução de benefícios e garantir estabilidade financeira.
Um olhar para o futuro
Embora as mudanças sejam justificadas pela necessidade de equilíbrio fiscal, o impacto será significativo na vida de milhões de brasileiros. Essas alterações reforçam a importância de o cidadão acompanhar de perto as decisões políticas e entender como elas afetam sua realidade.
Nos próximos anos, trabalhadores devem se preparar para um cenário onde os benefícios sociais estarão mais restritos. Investir em qualificação, planejamento financeiro e alternativas de geração de renda será essencial para enfrentar as mudanças que estão por vir.