Associação Trevisani Nel Mundo preserva cultura e relembra os desafios enfrentados pelos primeiros imigrantes
Nesta sexta-feira, 21 de fevereiro, o Brasil celebra o Dia do Imigrante Italiano , uma data que homenageia aqueles que cruzaram o Atlântico em busca de um novo futuro. Em Cordeirópolis, o bairro de Cascalho é um dos maiores símbolos dessa trajetória, abrigando descendentes que ainda preservam as tradições italianas. A Associação Trevisani Nel Mondo tem um papel fundamental na manutenção dessa identidade, promovendo eventos, encontros e resgatando histórias que marcaram a chegada dos primeiros imigrantes.
A data faz referência à chegada do navio La Sofia ao Brasil, em 21 de fevereiro de 1874, trazendo 388 italianos. A partir de então, milhares de famílias desembarcaram no país com a esperança de uma vida melhor, mas o que encontrou foi uma realidade muito mais dura do que a prometida.
O relato de um sofrimento
Entre os muitos relatos históricos, um se destaca pela intensidade de seu testemunho: a carta de Roberto Rosolem, um imigrante que relatou da dureza da imigração no Brasil. Seu testemunho foi registrado em um vídeo produzido pela Associação Trevisani Nel Mondo e disponível para o público no YouTube.
Na carta, Rosolem descreve as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes desde a travessia do oceano até as condições precárias nas fazendas onde foram alocadas. Durante uma viagem de 26 dias em um navio superlotado, ele e sua família lidaram com tempestades, calor extremo e a incerteza do que encontrariam ao desembarcar no Brasil. Ao chegar ao Porto de Santos, a desilusão foi imediata. A comunicação com os brasileiros era difícil e os relatos de mais condições de vida nas fazendas causavam preocupação.
De Santos, foram levados para a Casa da Imigração em São Paulo, onde encontraram superlotação, doenças e desespero. O destino final foi a Fazenda Santa Teresa, onde as moradias prometidas não estavam prontas e os recém-chegados precisaram dividir um espaço mínimo com mais de 130 pessoas. O cenário era desolador: crianças infestadas de parasitas, falta de higiene e nenhum suporte médico.
O trabalho no campo revelou uma forma de exploração, e a tragédia não tardou a atingir Rosolem. Seis de seus onze filhos morreram devido a doenças e condições precárias. Sem condições de voltar à Itália, ele falou em sua carta o arrependimento pela decisão de imigrar e alertou seus conterrâneos para que não cometessem o mesmo erro .
Cascalho: preservação e resistência
Embora os primeiros anos tenham sido de grande sofrimento, os imigrantes italianos de Cascalho construíram suas vidas com muito esforço e ajudaram a moldar a história da cidade. Hoje, a Associação Trevisani Nel Mondo mantém viva essa memória através de exposições, eventos e registros históricos.
Neste Dia do Imigrante Italiano , é fundamental lembrar que a imigração não foi apenas um processo de crescimento econômico para o Brasil, mas também um capítulo marcado por desafios, perdas e sacrifícios. A história de Rosolem é um testemunho de resiliência e coragem, que merece ser conhecido e compartilhado.
Assista ao relato completo no canal da Associação Trevisani Nel Mondo!