O novo modelo de crédito consignado do governo federal, chamado “Crédito do Trabalhador”, já movimentou mais de R$ 3,3 bilhões desde o lançamento, em 21 de março. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, São Paulo lidera a adesão, com 131,6 mil contratos firmados, totalizando R$ 848,7 milhões. A média por trabalhador no estado é de R$ 6.446,90, com prazo médio de pagamento de 18 meses.
Em todo o Brasil, mais de 532 mil trabalhadores com carteira assinada, incluindo empregados domésticos, rurais e do MEI, já recorreram ao empréstimo oferecido via Carteira de Trabalho Digital. As parcelas médias são de R$ 350,46 mensais e os contratos são fechados com garantia de até 10% do saldo do FGTS ou 100% da multa rescisória.
O Ministério do Trabalho e Emprego orienta os trabalhadores a aguardarem 24 horas para receber todas as propostas das instituições financeiras antes de assinar o contrato, buscando assim melhores taxas e condições.
A promessa de crédito acessível
Segundo o ministro Luiz Marinho, o programa pretende inaugurar uma nova cultura de crédito, com taxas mais acessíveis e condições que permitam substituir dívidas com juros altos. A ideia é utilizar o próprio FGTS como garantia para que os bancos ofereçam condições mais vantajosas.
“O Crédito do Trabalhador tem se consolidado como um sucesso, ampliando o acesso ao crédito com responsabilidade”, disse o ministro.
Mas há ressalvas…
Embora o programa ofereça juros menores que outras linhas, trata-se de um empréstimo com garantia do próprio trabalhador — ou seja, ele assume o risco usando seu FGTS, um recurso reservado para demissão, aposentadoria ou compra da casa própria.
Especialistas alertam que, embora o crédito consignado traga juros mais baixos, o trabalhador está, na prática, comprometendo seu próprio fundo de garantia. Isso significa abrir mão de uma reserva que poderia ser usada em situações como demissão, compra de imóvel ou aposentadoria. “O que parece ser um alívio imediato pode se transformar em perda de segurança futura”, apontam analistas do setor financeiro.
Como isso impacta cidades menores como Cordeirópolis
Em municípios como Cordeirópolis, com cerca de 25 mil habitantes e forte presença de trabalhadores com carteira assinada, a adesão ao programa pode crescer rapidamente. Muitos moradores já enfrentam dívidas ou buscam formas de equilibrar o orçamento mensal, e a promessa de crédito fácil acaba sendo tentadora.
Por outro lado, o comprometimento de até 35% do salário líquido pode pesar no orçamento familiar, gerando novos ciclos de endividamento. A orientação é sempre buscar informação, comparar propostas e usar o crédito de forma consciente, priorizando a quitação de dívidas mais caras, como cartão de crédito ou cheque especial.
Para quem deseja contratar o consignado, o acesso é feito exclusivamente via Carteira de Trabalho Digital, com início da ampliação da oferta bancária a partir de 25 de abril.