Inquérito policial contra o vereador Dhavid segue para a justiça

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Ao todo foram ouvidos os 3 envolvidos e mais 6 testemunhas. Futuro político do vereador está nas mãos dos 8 vereadores

A Polícia Civil de Cordeirópolis abriu inquérito policial para investigar uma acusação contra o vereador David Rafael Sabino de Godoy (PL) de agressão contra uma mulher que aconteceu no mês de novembro de 2022.

Loja Barbosa (3)

O boletim de ocorrência foi aberto no dia 25 de novembro pela vítima, onde descreveu ter sido agredida pelo parlamentar na noite anterior, após um jogo da copa.

O Portal JE10 teve acesso ao inquérito de 37 páginas, onde traz os depoimentos das testemunhas, vítimas e o próprio parlamentar.

No inquérito estão arroladas três pessoas: a mulher, vítima da agressão, uma segunda vítima que é um homem que afirmou também ser agredido, onde recebeu uma “voadora” e  mordida na mão; e o próprio parlamentar.

Como testemunhas dos envolvidos foram ouvidos: a irmã do vereador e mais seis pessoas que trouxeram trechos do momento da agressão. O Portal também conseguiu acesso ao vídeo e as fotos que também foram anexas ao inquérito.

No inquérito há o atestado de corpo delito assinado por médicos:  da mulher, do homem e do vereador, porém há somente fotos da mulher, com vários hematomas.

Em acesso ao vídeo, é possível ver que o vereador corre em direção a mulher que filma sua discussão há alguns metros, e já no ato retira o celular de forma brusca e nada mais é filmado. O Portal JE10 traz abaixo os relatos das vítimas e testemunhas para você leitor entender o caso. Como forma de preservação, não trouxemos os nomes das vítimas e testemunhas, apenas do vereador, já que se tornou um ato público.

 

Câmara

O Portal JE10 vem acompanhando o caso, ouvindo o posicionamento da Câmara Municipal, bem como os vereadores. As vereadoras Mariana Fleury Tamiazo (Cidadania) e Neusa Damélio (MDB) fazem parte da Procuradoria da Mulher, onde já realizaram encontros contra a  violência à mulher, elas se manifestaram afirmando que repudiam a atitude, Acompanhe aqui.

O Portal também procurou o vereador Sérgio Balthazar (PT) via aplicativo de celular, já que sua defesa em plenário sempre foi em busca dos direitos da mulher e contra violência à mulher, porém, o parlamentar não se manifestou.

 

Pedido de Cassação

A defesa da vítima protocolou um pedido de cassação do mandato do parlamentar por quebra de decoro devido a agressão. Acompanhe aqui.

Após esse pedido foi criado o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, e como titulares que irão analisar o caso, são os vereadores: Mariana Fleury Tamiazo (Cidadania); Diego Fabiano de Oliveira (MDB); e Paulo César Morais de Oliveira (PL). Como suplentes assumem os vereadores: Neusa Aparecida Damélio Marcelino de Morais (MDB); Sérgio Baltazar Rodrigues de Oliveira (PT); e José Antonio Rodrigues (MDB), sendo que JR assumiu em janeiro como presidente da Casa.

O futuro político do vereador Dhavid  está nas mãos dos oitos vereadores, eles serão responsáveis pela análise, seja positiva ou negativa a ele. Após isso, entra em votação em plenário, onde a população pode se manifestar favorável ou contrário a cassação.

Relatório do inquérito

De acordo com o documento assinado pelo delegado, “foram requisitados exames ao IML das partes referentes aos ferimentos apontados, cujos laudos serão encaminhados posteriormente. O vídeo citado nos autos foi analisado pela equipe do setor de investigações desta unidade, porém nada de interesse policial foi constatado, motivo pelo qual não se encontra nos autos”, descreveu o delegado Leonardo Burger.

MP e Justiça

O inquérito foi encaminhado à justiça e ao Ministério Público que deverão seguir com as investigações.

Depoimentos

Vítima Mulher:

De acordo com o depoimento da vítima, ela foi ao posto para abastecer quando avistou a festa em um estabelecimento comercial, deu a volta no quarteirão e parou para conversar com duas pessoas. Minutos depois avistou o vereador chegar perto de uma moça a agredindo com palavrões de baixo calão e passou a filmar. Ao ver que ela o filmava saiu correndo e pegou seu celular a força, dando uma rasteira a derrubando ao chão. Ainda segundo a vítima, ele conseguiu pegar o aparelho e saiu correndo dizendo que iria joga-lo na linha férrea, momento esse que ela se levantou e foi atrás para tentar pegar. Ela o puxou pela camiseta, momento que ele se virou e a mordeu na mama direita entrando em agressões físicas.

Neste momento, ela relata que ele já havia jogado o celular na linha férrea e ele passa a agredi-la com chutes e arranhões. Ela grita por socorro e nesse momento relata que chegou dois amigos e tirou ele de cima dela, porém pessoas que estavam com o vereador passaram a agredir os rapazes. Um deles revidou com um soco no vereador para se defender.  Em meio a confusão ele a acusou ter sido agredido por palavrões homofóbicos, porém, ela relatou ser mentira.  Após toda a confusão ela conta que já estavam se acalmando, mas o vereador deu uma “voadora” em um dos rapazes que apartou a briga derrubando-o.

O celular foi encontrado minutos depois perto da linha férrea por outro rapaz que também prestou depoimentos.

 

Vítima homem

De acordo com os depoimentos da segunda vítima, ele estava junto da mulher que foi agredida e mais duas pessoas quando ouviram os gritos de uma discussão. Nesse momento a vítima passou a filmar, presenciando-o pegar o celular. Em seu depoimento, como ela segurava forte o celular com as duas mãos, ele mordeu a mama dela, fazendo com que ela soltasse. Nisso ele deu um empurrão jogando-a ao chão, chutando braços e pernas. Segundo a testemunha, a ação foi rápida e correu para apartar a briga, onde o vereador saiu correndo e jogou o celular na linha férrea.

Ele relata que após tudo calmo, Dhavid veio correndo e lhe deu uma voadora, e em ato contínuo recebeu uma mordida no dedo da mão esquerda, quando caíram ao chão e levou outra mordida no polegar da mão direita. Em seguida seu irmão veio para ajudar a conter as agressões, ele saiu de perto. Ele afirma não ter agredido e sim tentando conter o vereador. Ele também afirmou ter passado no hospital e fez exames de corpo delito e que deseja entrar com representação contra o agressor. Em seu depoimento não há relatos de palavrões homofóbicos por parte da vítima.

 

 

Testemunha homem

Os seus relatos trazem praticamente as mesmas informações da vítima acima, que é seu irmão, onde também confirmou ter visto o parlamentar derrubando a vítima e agredindo, sendo que o retiraram de cima dela. A moça o pedia pra pegar o celular das mãos do vereador, e viu que estava toda machucada. Ele confirmou a “voadora” e as mordidas na outra vítima. Também confirmou que após isso entraram em luta corporal e rolaram ao chão. Essa testemunha afirmou que não teve lesão e somente depois ficou sabendo que o rapaz que agrediu seria o vereador. Em seu depoimento não há relatos de palavrões homofóbicos por parte da vítima.

 

Testemunha mulher 1

A moça traz a mesma afirmação da briga, e que seu pai foi apartar a briga e segurou o vereador para não jogar o celular, porém já tinha jogado. Ao chegar perto viu os ferimentos da vítima. Em seu depoimento relata o momento que o pai levou a voadora e as mordidas caindo em seguida ao chão. Em seu depoimento não há relatos de palavrões homofóbicos por parte da vítima.

 

Testemunha mulher 2

Essa testemunha afirma que chegou no momento em que a vítima gritava para que seu celular fosse devolvido, e já com a roupa toda suja de sangue e machucada a  viu muito nervosa xingando o vereador de palavrões, “viado, gay”.

Ela chegou indagar o vereador, onde estaria o aparelho, mas ele disse que não tinha pego, porém foi encontrado por outra pessoa perto da linha férrea e entregue à vítima.

Ela também confirma quando todos estavam para ir embora, o vereador  veio e deu uma “voadora” com os dois pés no rapaz, e em ato contínuo os dois se rolaram ao chão, onde foi apartado pelo irmão. Ela afirma não ter presenciado que o rapaz agrediu o vereador, e também não viu as mordidas nele, mas ficou sabendo depois. Ela conhece o vereador, sabe da sua posição política e eram amigos.

Testemunha – Celular

O rapaz prestou depoimentos e afirmou que não presenciou os fatos da briga entre a vítima e o vereador, pois se encontrava dentro do estabelecimento comercial.

Ao visualizar o tumulto se aproximou e viu que já “havia rolado muita coisa”, onde a vítima afirmou que o vereador estaria com seu celular, e ao indagar o mesmo, ele negou que se encontrava com o aparelho. Ele disse ainda que não presenciou agressão física, e sim discussão e ofensas verbais de ambos os envolvidos. Ao vistoriar o local encontrou o referido celular próximo a linha férrea e entregou à vítima.

 

Depoimento vereador

Ele relata que após o jogo, foi ao estabelecimento comercial com duas amigas e a irmã. Ao perceber que a irmã não estava mais no local, saiu em busca e a avistou fora do evento. Percebeu quando conversava com a irmã que estava sendo filmado e perguntou o motivo, dando um tapa no celular, e ela caiu em seguida. Ele afirma que chegaram dois homens e passaram a agredi-lo com arranhões, chutes e socos. Ele relata que ao conseguir se levantar ela afirmava que ele tinha roubado o celular e o ofendia de “preto, viadinho do eldorado, você tem que morrer”.

Ele nega a agressão e que tenha pego o celular e jogado perto da linha férrea. Ele ainda relata que ao ficar tudo calmo, os três o agrediam verbalmente e que um deles iria buscar uma arma para o matar. Ele também entrou com representação contra a mulher, porém essa tese não entrou em nenhum depoimento.

 

Testemunha irmã vereador

A testemunha afirma que estava no estabelecimento comercial com o irmão, quando ele veio chamar sua atenção, por ter deixado o local sem avisa-lo e que não houve ofensas entre eles. Avistaram uma mulher filmando, e o vereador foi ao encontro para perguntar o motivo, quando foi agredido por palavrões. Neste momento ela afirma que o puxou pelo braço, quando surgiram dois homens desconhecidos e o derrubaram com socos e chutes. Ao ficar desesperada chamou pessoas que estavam com o irmão que não sabe informar o nome e ajudou a separar a briga. Ela diz que não viu o vereador agredir a mulher, pois estava caído ao chão. Em seguida foi embora e não viu mais nada.

 

Fotos: são dos hematomas da vítima.

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